Será mesmo que o apêndice é necessário?
Que tal tentarmos entender sua função?
Então vamos lá!
UM POUCO DE HISTÓRIA SOBRE OS EXAMES PARA DIAGNÓSTICO DA APENDICITE
O paciente está deitado na sala de exames de um consultório médico, com um termômetro na boca e outro no traseiro. Há dias mais bonitos do que esse. Antigamente, este era um dos exames feitos quando havia a suspeita de apendicite.
Se a temperatura do traseiro fosse nitidamente mais elevada que a da boca, esse indício era considerado importante. Hoje, os médicos já não confiam nas diferenças indicadas pelos termômetros. Os indícios de apendicite são febre e dores do lado direito, abaixo do umbigo (é onde se encontra o apêndice na maioria das pessoas).
Na maioria das vezes, apertar o local causa dor, enquanto à esquerda do umbigo curiosamente sente-se alívio. Mas assim que se retira o dedo do lado esquerdo… ai! Isso porque nossos órgãos abdominais são revestidos por um líquido protetor. Quando se aperta o lado esquerdo, o apêndice inflamado do lado direito flutua em um travesseiro de líquido, e isso o faz sentir-se bem. Outro indício de apendicite são dores ao levantar a perna direita contra uma resistência (alguém precisa pressioná-la na direção contrária), falta de apetite ou enjoo.
NOSSO APÊNDICE É CONSIDERADO UM ÓRGÃO INÚTIL
Embora alguns acreditem que o apêndice seja um órgão inútil, nenhum médico no mundo tiraria o apêndice de um paciente com dores abdominais. Oficialmente, trata-se de uma parte importante do intestino grosso. O que se extrai é o apêndice cecal, preso à parte inferior do apêndice.
Ele nem sequer parece um verdadeiro pedaço do intestino, e sim uma bexiga vazia, com a qual os palhaços moldam formas de animais. Não é de admirar que ninguém o leve a sério e o chame pelo nome do pedaço de intestino maior e mais próximo, ao qual ele se prende.
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NOSSO APÊNDICE CECAL
Nosso apêndice cecal não apenas é minúsculo demais para se ocupar do bolo alimentar, como também está preso a um local onde quase não chega comida.
O intestino delgado desemboca um pouco mais acima, na lateral do intestino grosso, e, por isso, simplesmente o ignora. Trata-se de um ser que praticamente só vê de baixo o que o mundo empurra por cima dele. Embora esteja bem distante de seus colegas, o apêndice cecal pertence ao tecido imunológico das amígdalas.
Nosso intestino grosso se ocupa de coisas que não podem ser absorvidas pelo intestino delgado. Por isso, sua aparência não é aveludada. Seria um esforço inútil muni-lo de vilosidades prontas para a absorção.
Em vez disso, ele constitui o lar de bactérias intestinais que fragmentam os últimos restos de comida para nós. Nosso sistema imunológico também se interessa muito por essas bactérias.
O PRIVILÉGIO
O apêndice cecal situa-se em um lugar privilegiado. Distante o suficiente para não se ocupar de toda a tralha alimentícia, mas também perto o suficiente para observar todos os micróbios estranhos.
Enquanto nas paredes do intestino grosso há grandes depósitos com células imunocompetentes, o apêndice cecal constitui-se quase exclusivamente de tecido imunológico.
Se um germe ruim passar por ele, é logo cercado. Contudo, isso também significa que tudo ao seu redor pode inflamar – por assim dizer, um panorama de 360°. Se o pequeno apêndice cecal inchar muito, terá ainda mais dificuldade para expulsar o germe de dentro de si.
Por isso, todos os anos, só na Alemanha são realizadas mais de cem mil cirurgias de apêndice. Mas esse não é o único efeito. Se apenas os bons sobrevivessem no local e tudo que é perigoso fosse atacado, o argumento em contrário seria de que em um apêndice cecal saudável encontra-se uma seleta coleção das mais refinadas e úteis bactérias.
RESULTADO DE ESTUDOS
Os pesquisadores americanos Randal Bollinger e William Parker, apresentaram a teoria de que no apêndice cecal encontra-se uma coleção das mais refinadas bactérias úteis em 2007.
Na prática, isso acontece, por exemplo, após uma forte diarreia. Em seguida, é comum que muitos dos moradores típicos do intestino sejam expulsos. Deixando a superfície livre para novos micróbios formarem suas colônias.
Não é nada recomendável deixar esse trabalho ao acaso. E é justamente nesse momento que, segundo Bollinger e Parker, a equipe do apêndice cecal entra em ação e se espalha a partir de baixo por todo o intestino grosso para protegê-lo.
ELE NÃO É INÚTIL! ELE EXERCE UM PAPEL IMPORTANTE DENTRO DE NÓS!