Que tal conhecer um pouco mais sobre a estrutura do intestino?
Há coisas que são bem diferentes quando conhecemos melhor.
Vamos olhar mais de perto para a nossa estrutura intestinal?
Então vamos nessa!
ESTRUTURA DO INTESTINO
De longe, a estrutura do intestino tem uma aparência esquisita. Atrás da nossa boca, um esôfago de dois centímetros de largura desce pela garganta, não chega ao topo do estômago, mas a algum lugar na sua lateral.
O lado direito do estômago é bem menor do que o esquerdo – por isso, ele se curva em forma de meia-lua, como um saquinho torto. O intestino delgado serpenteia sem direção com seus sete metros de comprimento, ora para a direita, ora para a esquerda, até finalmente dar no intestino grosso. Neste, por sua vez, prende-se um apêndice aparentemente desnecessário, que só serve para inflamar (Será?).
Além disso, o intestino grosso tem uma porção de saliências. Parece uma triste tentativa de imitar um colar de pérolas. Visto de longe, a estrutura do intestino é uma mangueira sem graça, sem charme bem como assimétrica.
Por isso, não vamos dar importância à distância. Em nosso corpo, praticamente não há órgão que pareça cada vez mais fascinante à medida que nos aproximamos dele. Quanto mais se sabe sobre o intestino, mais belo ele se torna. Para começar, vamos dar uma olhada um pouco mais aprofundada nos pontos peculiares.
Quanto mais se sabe sobre o intestino, mais belo ele se torna!
O DESENGONÇADO ESÔFAGO
A primeira coisa que chama a atenção é o fato de o esôfago não ser bom de mira. Em vez de pegar o caminho mais curto e dirigir-se logo ao centro do estômago, em sua parte superior, ele o alcança pelo lado direito. Uma manobra genial. É o que os cirurgiões chamariam de “anastomose término-lateral”.
Mas esse desvio vale a pena. Quando caminhamos, cada passo duplica a pressão no ventre, pois contraímos os músculos abdominais. Quando rimos ou tossimos, a pressão chega a se multiplicar por quatro. Assim, como o abdômen comprime o estômago de baixo para cima, não seria nada bom se o esôfago se acoplasse logo na sua extremidade superior.
Deslocado para a lateral, ele recebe apenas uma fração da pressão. Assim, quando nos movimentamos depois de comer, não sentimos necessidade de arrotar a cada passo. Graças a essa curva bem bolada e a seus mecanismos de fechamento, quando caímos na risada soltamos, no máximo e de vez em quando, um punzinho de alegria – dificilmente se ouve falar de alguém que tenha se borrado de tanto rir.
EFEITOS COLATERAIS – BOLHA GÁSTRICA
Um dos efeitos colaterais dessa entrada pela lateral é a bolha gástrica. Em todas as imagens radiográficas essa pequena bolha é vista no topo do estômago. O ar sobe e não encontra logo a saída lateral. Por isso, muitas pessoas precisam primeiro engolir um pouco de ar antes de arrotar. Ao deglutirem, acabam movendo a abertura do esôfago um pouco mais para perto da bolha e vupt! O arroto encontra caminho livre para subir.
Deitada, a pessoa consegue arrotar com muito mais facilidade se estiver do lado esquerdo. Então, quem fica deitado o tempo todo do lado direito, com a barriga comprimida, só precisa mudar de lado. O aspecto “desengonçado” do esôfago também é mais bonito do que parece à primeira vista. Examinando melhor, vê-se que algumas fibras musculares em forma espiralada correm ao redor do esôfago.
Elas são a base dos movimentos “desengonçados”. Se as puxamos longitudinalmente, elas não se rompem, mas se encolhem em espiral como um fio de telefone. Nosso esôfago está unido à coluna vertebral através de feixes de fibras.
Sendo assim, quando nos sentamos com a coluna reta e olhamos para cima, puxamos nosso esôfago no sentido longitudinal. Então, ele se estreita e consegue se fechar com mais facilidade para baixo e para cima. Portanto, depois de uma refeição farta, para evitar a eructação ácida assumir uma posição ereta ajuda mais do que ficar encurvado.
O TORTO SACO GÁSTRICO – ESTRUTURA DO INTESTINO
Nosso estômago encontra-se muito mais acima do que imaginamos. Ele começa logo depois do mamilo esquerdo e termina embaixo do arco costal direito. Tudo que dói abaixo desse pequeno saco torto não diz respeito ao estômago.
Assim sendo, quando as pessoas acham que seu estômago está com algum problema, na verdade estão sentindo o intestino. Sobre o estômago localizam-se o coração e os pulmões. Por isso, quando comemos muito, fica mais difícil respirar fundo. Um sintoma comumente ignorado pelo clínico geral é a síndrome de Römheld.
O ar que se acumula no estômago é tanto que acaba comprimindo o coração por baixo e os nervos viscerais. As pessoas afetadas reagem de maneira diferente. Sentem tontura ou mal-estar. Algumas chegam a sentir medo ou falta de ar; outras ainda sofrem uma forte dor na região do tórax, como em um infarto. Assim, com frequência, elas são tratadas pelos médicos como farsantes medrosos, que só ficam inventando coisas. Nesse caso, seria muito mais útil perguntar: “Já tentou arrotar ou peidar?”.
RESTAURE SUA MICROBIOTA – ESTRUTURA DO INTESTINO
A longo prazo, é recomendável restaurar a microbiota gástrica e a intestinal, renunciar a alimentos que causam flatulência, bem como a quantidades elevadas de álcool, que pode aumentar em até mil vezes o número de bactérias produtoras de gases. Aliás, algumas bactérias utilizam o álcool como alimento (pode-se sentir seu gosto, por exemplo, em frutas que já passaram do ponto).
Assim, quando há produtores de gás empenhados no intestino, a discoteca noturna transforma-se em concerto matutino de trombetas. “Limpeza à base de álcool”? Até parece! Tratemos agora de sua forma peculiar. Um dos lados do estômago é muito mais comprido do que o outro, de maneira que todo o órgão precisa se curvar.
Dessa forma, há grandes dobras em seu interior. Poderíamos dizer que o estômago é o Quasímodo dos órgãos responsáveis pela digestão.
No entanto, sua aparência disforme tem um significado mais profundo. Quando bebemos um gole de água, o líquido pode correr ao longo do lado direito e curto do estômago, indo parar às portas do intestino delgado. Em contrapartida, a comida cai pesadamente no lado maior do estômago.
Assim, com muita habilidade, nosso saco digestório separa o que precisa ser amassado em pequenas porções e o que pode ser rapidamente passado adiante. Nosso estômago não é apenas torto; ele tem dois lados especializados: um se entende melhor com líquidos, e o outro, com sólidos. São como dois estômagos em um, por assim dizer.
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O SINUOSO INTESTINO DELGADO
Em nosso abdômen há um intestino delgado com três a seis metros de comprimento, totalmente solto, laço por laço. Quando saltamos de um trampolim, ele pula junto conosco. Assim também, quando estamos sentados em um avião que está para decolar, ele também é comprimido contra o encosto da poltrona.
Quando dançamos, ele sacoleja animado para todos os lados; e, quando fazemos careta porque estamos com dor de barriga, ele tensiona seus músculos de forma bem parecida. São poucas as pessoas que já viram seu próprio intestino delgado. Mesmo na colonoscopia, geralmente o médico vê apenas o intestino grosso. Quem já teve a oportunidade de percorrer o intestino delgado através de uma microcâmera que pode ser ingerida costuma ficar surpreso.
Então, em vez de uma mangueira escura, deparamos com um ser de natureza diferente: brilhante como veludo, molhado, rosado e, de certo modo, delicado. Quase ninguém sabe que apenas o último metro de intestino grosso tem alguma coisa a ver com o excremento. Os metros anteriores são incrivelmente limpos (de resto, também inodoros) e se ocupam com fidelidade bem como apetite, de tudo que mandamos para eles.
O INTESTINO DELGADO PODE PARECER UM POUCO MENOS PLANEJADO
À primeira vista, o intestino delgado pode parecer um pouco menos planejado do que os outros órgãos. Nosso coração tem quatro câmaras; nosso fígado, lobos; as veias possuem válvulas; e o cérebro tem áreas. Já o intestino delgado serpenteia sem direção. Sua verdadeira configuração só é visível ao microscópio.
Estamos aqui tratando de um ser que, como nenhum outro, personifica o conceito de “amor ao detalhe”. Portanto, nosso intestino nos oferece o máximo de superfície possível. Por isso, tem muitas dobras. Antes de mais nada, nele se encontram as dobras visíveis – sem elas, precisaríamos de um intestino delgado com dezoito metros de comprimento para ter uma superfície de digestão suficiente. Um brinde às dobras!
Mas um perfeccionista como o intestino delgado não termina aqui. Em um único milímetro quadrado de revestimento intestinal erguem-se trinta minúsculas vilosidades no bolo alimentar. Essas vilosidades são tão pequenas que quase não dá para enxergá-las – mas só quase.
A área limítrofe entre o visível e o invisível é tão bem identificada por nossos olhos que ainda conseguimos reconhecer uma estrutura aveludada. Ao microscópio, as pequenas vilosidades parecem grandes ondas feitas de células. (O veludo tem uma aparência muito semelhante.) Com um microscópio melhor, é possível reconhecer que cada uma dessas células também possui saliências vilosas.
Ou seja, são vilosidades sobre vilosidades, que, por sua vez, possuem uma guarnição aveludada, gerada por inúmeras estruturas de açúcar, que na forma se assemelham aos galhos de um veado. São os chamados glicocálices. Se tudo isso fosse alisado – dobras, vilosidades e vilosidades sobre vilosidades –, nosso intestino teria cerca de sete quilômetros de comprimento.
O RECHONCHUDO INTESTINO GROSSO
Nosso intestino grosso se ocupa de coisas que não podem ser absorvidas pelo intestino delgado. Por isso, sua aparência não é aveludada. Seria um esforço inútil muni-lo de vilosidades prontas para a absorção. Em vez disso, ele constitui o lar de bactérias intestinais que fragmentam os últimos restos de comida para nós. Nosso sistema imunológico também se interessa muito por essas bactérias.
Nosso intestino grosso não serpenteia por todos os lados. Está colocado como uma espessa moldura ao redor do intestino delgado. O fato de ser chamado de “grosso” não é nenhuma ofensa para ele, que precisa mesmo de mais espaço para executar suas tarefas.
Quem lida bem com os próprios recursos também consegue superar tempos difíceis. É exatamente este o lema de vida do nosso intestino grosso, que não tem pressa em dedicar-se a tudo que restou, digerindo-o bem até o fim.
INTESTINO GROSSO E MICROBIOTA INTESTINAL
Enquanto isso, o intestino delgado pode absorver a segunda ou terceira refeição – o intestino grosso não se deixa confundir. Restos de comida levam cerca de dezesseis horas para serem diligentemente trabalhados. Ao mesmo tempo, são absorvidas substâncias que, do contrário, perderíamos num piscar de olhos: minerais importantes, como o cálcio, só podem ser realmente reabsorvidos aqui.
Com a cuidadosa colaboração do intestino grosso e da microbiota intestinal, ainda recebemos uma dose extra de ácidos graxos energéticos, vitaminas K e B12, tiamina (vitamina B1) e riboflavina (vitamina B2).
Tudo isso serve para muita coisa, por exemplo para o bom funcionamento da coagulação sanguínea, para fortalecer os nervos ou para proteger contra enxaquecas. No último metro de intestino, o nível de água e sal em nosso organismo também é equilibrado. Não que se tenha de experimentar, mas nossas fezes sempre têm o mesmo teor de sal. Com essa calibragem refinada, pode-se economizar um litro inteiro de líquido.
Se isso não fosse feito, teríamos de beber um litro a mais todos os dias. Como ocorre no intestino delgado, tudo que o intestino grosso reabsorve é levado através do sangue para o fígado, onde é novamente verificado e retransmitido para a grande circulação.
MAS, E O APÊNDICE?
Será mesmo que ele é desnecessário na estrutura do intestino?
Não percam os próximos textos aqui do blog. Vamos falar com carinho a função do apêndice na estrutura do intestino.
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REFERÊNCIA:
O discreto charme do intestino, Enders, G. Umfmartinsfontes, São Paulo, 2015.