Já parou para pensar que até a forma como você senta no vaso sanitário pode influenciar na hora de defecar?
Que tal entendermos um pouco sobre isto?
Então vamos nessa!
DE TEMPOS EM TEMPOS É RECOMENDÁVEL QUESTIONAR CERTOS HÁBITOS
Estou realmente fazendo o caminho mais bonito e mais curto até o ponto de ônibus?
Será que estou sentando corretamente no vaso sanitário?
Nem sempre há respostas claras a todas as perguntas, mas fazer experiências pode trazer novos ares a antigas paisagens. Foi o que supostamente também pensou Dov Sikirov.
AS EXPERIÊNCIAS DE DOV SIKIROV
Para um de seus estudos, o médico israelense pediu a 28 participantes que praticassem a evacuação cotidiana em três posições diferentes: sentados em um vaso sanitário normal, “de cócoras” em outro bem pequeno ou agachados como ao ar livre.
Enquanto isso, ele cronometrava o tempo que levavam e, em seguida, entregava-lhes um questionário. O resultado não deixou dúvida: a posição de cócoras demorou em média 50 segundos e foi sentida pelos participantes como uma experiência de total esvaziamento. A posição sentada demorou em torno de 130 segundos e não se mostrou tão bem sucedida.
POR QUE A MANEIRA COMO SENTAMOS NO VASO SANITÁRIO INFLUENCIA?
Porque o aparato da nossa oclusão intestinal não foi feito para abrir por completo sua escotilha quando estamos sentados. Existe um músculo que, na posição sentada ou também em pé, cinge o intestino como se o enlaçasse, puxando-o em uma direção e fazendo com que surja uma prega. Esse mecanismo é, por assim dizer, um serviço auxiliar aos outros esfíncteres. Algumas pessoas conhecem essa oclusão em forma de prega por causa da mangueira do jardim.
Por exemplo, se uma mangueira não está funcionando, pode ser que ele esteja com alguma prega. Ao desfazer esta prega, em poucos segundos a água chegará até nós através dela.
Mas, voltando à oclusão da extremidade intestinal em forma de prega: o excremento chega primeiro a uma curva. Como na saída de uma rodovia, ele freia. Assim, se estivermos em pé ou sentados, os esfíncteres precisam fazer menos esforço para manter tudo lá dentro. Se o músculo se soltar, a prega desaparece. O caminho é reto, e pode-se acelerar facilmente.
TEMPOS PRIMITIVOS
Desde os tempos primitivos, as “cócoras” são nossa posição natural ao evacuar – essa história de ficar sentado passou a existir apenas com a evolução do vaso sanitário indoor, no final do século XVIII. Muitas vezes, uma explicação do tipo “homem das cavernas desde sempre…” tem uma imagem um pouco problemática entre os estudantes de medicina.
Quem disse que a posição de cócoras relaxa mais o músculo, tornando reta a via de evacuação? Por essa razão, pesquisadores japoneses deram a participantes de um teste substâncias luminescentes e os radiografaram em diversas posições no momento crucial.
Resultado número um: é verdade, de cócoras o canal intestinal fica bem reto, e tudo sai rapidinho. Resultado número dois: em prol da pesquisa, pessoas legais aceitaram ingerir substâncias luminescentes e ser radiografadas enquanto faziam cocô. Acho as duas coisas muito impressionantes.
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DOENÇAS QUE PODEM SER PROVOCADAS PELO USO INCORRETO DO VASO SANITÁRIO
Hemorroidas e doenças intestinais, como diverticulite ou constipações, existem praticamente apenas em países em que se evacua em uma espécie de cadeira. Uma razão para isso, especialmente entre os jovens, não é, por exemplo, a flacidez do tecido, e sim o fato de que a pressão no intestino é muito grande.
Algumas pessoas costumam tensionar o próprio ventre ao longo do dia, quando estão muito estressadas. Muitas vezes, nem chegam a perceber. As hemorroidas preferem desviar da pressão no interior, oscilando para fora do traseiro. No caso dos divertículos, o tecido dentro do intestino comprime-se para fora.
Surgem então minúsculas saliências em forma de lâmpada na parede do intestino. Com certeza, nosso modo de evacuação não é a única causa para o surgimento de hemorroidas e diverticulite.
Contudo, é preciso dizer que 1,2 bilhão de pessoas que evacuam de cócoras neste mundo quase não apresentam divertículos e sofrem bem menos de hemorroidas. Nós, ao contrário, comprimimos o tecido do traseiro e precisamos removê-lo no consultório médico – e tudo isso porque sentar-se como um nobre no trono é muito mais legal do que acocorar-se como um idiota?
Os médicos partem do princípio de que a pressão frequente quando estamos sentados no vaso sanitário eleva sensivelmente o risco de varizes, derrames e até desmaios após a evacuação.
QUER DIZER QUE AGORA VAMOS TER QUE DESCER DO NOSSO TRONO DE PORCELANA E EVACUAR DE CÓCORAS EM UM BURACO?
A resposta é: não. Hemorróidas à parte! Se bem que fosse muito divertido colocar-se de cócoras no assento da privada e, nessa posição, cumprir o que se tem a fazer. Mas isso não é necessário; afinal, também é possível ficar de cócoras estando sentado.
É uma posição conveniente sobretudo quando a evacuação não é das mais fáceis: basta inclinar o tronco para a frente e colocar os pés sobre um banquinho. Voilà : com tudo no ângulo certo, dá para ler, fazer dobraduras e fitar a parede com a consciência tranquila.
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REFERÊNCIA:
O discreto charme do intestino, Enders, G. Umfmartinsfontes, São Paulo, 2015.