Você conhece os efeitos do consumo de sal em excesso na sua microbiota?
Que tal falarmos um pouco sobre isto?
Então vamos nessa!
O SAL
Segundo a Organização Mundial da Saúde recomenda-se o consumo máximo de 2000mg (2g) de sódio por pessoa ao dia. O que equivale a 5g de sal (lembrando que 40% do sal é composto de sódio). Mas os brasileiros atualmente consomem mais do que o dobro desta quantidade.
Além disso, sabemos que comer muito sal está associado a doenças cardiovasculares.
Pesquisas apontam que a razão por trás desta relação entre o sal e nossos corações tem a ver com nossa microbiota intestinal.
SAL EM EXCESSO E MICROBIOTA INTESTINAL
De acordo com um estudo publicado em novembro de 2017, pela Nature, uma dieta com alto teor de sal altera a microbiota intestinal. Dessa maneira essas alterações podem estar associadas à pressão alta e doenças auto-imunes, como a esclerose múltipla.
Os resultados são significativos. Uma vez que sejam confirmados podem tornar a microbiota intestinal um alvo potencial em terapias para combater doenças causadas por uma alta ingestão de sal.
O ESTUDO – SAL EM EXCESSO E MICROBIOTA INTESTINAL
O estudo foi realizado por um grupo de pesquisadores do Centro Experimental e Clínico de Berlim. Quem também participou do estudo foram os pesquisadores do Instituto de Saúde de Berlim. Eles queriam saber os mecanismos exatos pelos quais o sal é um grande risco para doenças cardiovasculares. Mas, ao contrário de qualquer pesquisa anterior, eles se concentraram na microbiota intestinal.
Para a pesquisa, camundongos de laboratório foram alimentados com uma dieta rica em sódio. Contendo 4% de cloreto de sódio – sal – em comparação com os 0,5% presentes em uma dieta normal. Os cientistas descobriram que o excesso de sal eliminou os níveis de um tipo particular de bactérias boas chamadas Lactobacillus . Eles então notaram como essa redução teve um impacto sobre os números de um tipo de célula imune envolvida em doenças autoimunes e hipertensão.
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A boa notícia é que quando os pesquisadores deram aos camundongos um Lactobacillus probiótico chamado L. murinus , eles melhoraram. Mostrando que os animais conseguiram superar o efeito da dieta rica em sal. Embora os seres humanos não tenham L. murinus em suas entranhas, os cientistas acreditam que outra linhagem de Lactobacillus pode ter um papel semelhante.
De fato, estudos anteriores já mostraram que o Lactobacillus – encontrado em vários alimentos – reduz a pressão sanguínea em pessoas que sofrem de hipertensão.
ESTUDO PILOTO EM HUMANOS
Os cientistas também realizaram um estudo piloto em humanos com resultados semelhantes. Doze homens saudáveis receberam 6 gramas extras de sal por dia durante duas semanas, enquanto mantinham sua dieta regular, dobrando assim sua ingestão diária de sódio. Os cientistas observaram que 14 dias depois, a maioria das espécies de Lactobacillus não eram mais detectáveis.
Embora os pesquisadores tenham conseguido estabelecer uma associação entre o sal e a microbiota intestinal, eles não conseguiram elucidar completamente o mecanismo exato pelo qual o sal degrada a maioria das espécies de Lactobacillus.
A questão, portanto, é se seremos capazes de tratar doenças relacionadas ao sal no futuro usando suplementação probiótica específica. Os resultados são promissores, mas são apenas um primeiro passo e precisam ser confirmados antes de quaisquer recomendações nutricionais.
É por isso que a equipe de pesquisadores já está planejando um estudo de pressão alta controlado por placebo com um número maior de participantes de ambos os sexos. Eles também querem estudar a associação entre o consumo de sal e a microbiota intestinal com relação à psoríase. Enquanto também exploram as aplicações terapêuticas dos probióticos para tratar essas doenças.
Embora já soubéssemos que era melhor evitar uma dieta salgada, este novo estudo fornece outras razões para restringir a ingestão de sódio. Menos sal pode significar melhor saúde – para você e sua microbiota intestinal.